O Fórum de Alto Nível das Mulheres da Região dos Grandes Lagos defendeu uma maior e activa participação de mulheres nos processos de paz e segurança em África de forma efectiva, para mitigar os difíceis problemas enfrentados, especialmente, pelas famílias cujas vidas foram devastadas por conflitos armados. Um dia, como é o caso de Angola, irão tomar igual decisão na defesa das mulheres que – com fome – engravidam e vêem os filhos nascer com fome e morrerem pouco depois com… fome.
Ao discursar no encerramento do evento, sábado, em Luanda, a ministra de Estado para a Área Social do MPLA, Maria do Rosário Bragança, afirmou que a reunião representou um passo crucial para dinamizar e concretizar as aspirações em realidade, bem como promover a cultura da paz no continente africano.
“Neste fórum, escrevemos uma página muito importante na história do contributo das mulheres da Região dos Grandes Lagos para a construção da paz, com o privilégio de termos conseguido reunir as protagonistas do continente africano”, frisou.
A ministra de Estado reconheceu o valor das contribuições apresentadas pelas participantes, ressaltando que os debates intensos ao longo dos dois dias de trabalhos demonstraram a necessidade de avanços práticos e mensuráveis. Pois é. Mas é difícil, reconheça-se. O MPLA está no Poder há 49 anos e ainda não conseguiu mostrar avanços práticos e mensuráveis.
A presença de figuras proeminentes como as ex-Presidentes da Libéria e Prémio Nobel da Paz, Ellen Johnson Sirleaf, e da República Centro-Africana, Catherine Samba-Panza, reforçaram o compromisso com a expansão da influência e participação das mulheres nos processos decisórios em todo o continente, segundo Maria do Rosário Bragança.
A governante reiterou que a liderança feminina é fundamental para a superação dos obstáculos ao desenvolvimento e à prosperidade em África e agradeceu a confiança depositada em Angola para acolher o fórum. Isto, é claro, como aperitivo para o banquete ao estilo de Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas e umas garrafas de Château-Grillet 2005…
A parceria estratégica entre o Governo angolano e o Gabinete do enviado especial da União Africana para as Mulheres, Paz e Segurança foi destacada, assim como o papel de Angola na promoção da paz e estabilidade na região dos Grandes Lagos e no continente africano em geral. Isso mesmo assinalaram, com certeza, os 20 milhões de pobres angolanos.
“Não é por acaso que a cada dois anos Angola realiza a Bienal da Cultura da Paz com a União Africana e a UNESCO, e no próximo ano teremos a quarta edição”, disse.
Maria do Rosário Bragança augurou que as recomendações do fórum sejam implementadas de forma efectiva e os compromissos assumidos pelas participantes sirvam de base para a cessação dos conflitos e a construção de um futuro pacífico e próspero para os povos da região.
“Estas mulheres enchem-nos de orgulho e dão-nos a fé e a certeza de que conseguiremos superar obstáculos e ser a força motriz para uma África próspera, una e indivisível”, concluiu, desejando que “a semente que plantada em Luanda, para o fim dos conflitos armados, floresça e transforme os dois povos.
O Fórum de Alto Nível das Mulheres da Região dos Grandes Lagos decorreu sob o tema “Reforçar a Participação e a Liderança das Mulheres nos Processos de Paz e Segurança na Região dos Grandes Lagos” e contou com a participação de cerca de 604 pessoas.
Durante a reunião, os participantes debruçaram-se sobre temáticas como “O impacto da paz, segurança e da situação humanitária nas vidas das mulheres nas zonas de conflito na região”, “O envolvimento das mulheres nos processos de paz e os esforços para promover a participação” e “Formas práticas de reforçar a participação das mulheres nos processos de paz: partilha de experiências na região”.
O objectivo principal do encontro foi mobilizar apoio colectivo e solidariedade para melhorar a situação das mulheres, crianças e grupos vulneráveis afectados pelo conflito na região dos Grandes Lagos, especialmente no Leste da RDC, e promover uma mudança de abordagem focada em estratégias inclusivas, nas quais as mulheres assumam a liderança nos esforços regionais de prevenção, resolução e consolidação da paz.
O evento reuniu um grupo diversificado de partes interessadas, incluindo os governos de Angola, do Burundi e da RDC, líderes femininas do continente, representantes do corpo diplomático acreditado em Angola e de organizações da sociedade civil, de instituições religiosas e académicas dos países da região dos Grandes Lagos.
A cerimónia de abertura do Fórum foi dirigida pelo Presidente da República, João Lourenço, Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África, mediador do Processo de Paz de Luanda para a República Democrática do Congo (RDC) e Presidente da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).